Sexta passada partimos de Johannesburg para conhecer e explorar mais um cantinho desse nosso mundão. Dessa vez o destino não foi nada tradicional e imagino que um país desconhecido para muitas pessoas: o Malawi!
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Mapa para ajudar quem precisa se localizar, o Malawi está marcado em vermelho |
Escolhemos este país como destino pois o Marcelo achou umas fotos lindas na internet de um lugar chamado Cape Maclear, que fica às margens do lago Malawi, onde seria legal para mergulhar, andar de caiaque, curtir uma praia, enfim, pelas fotos parecia um lugar bem paradisíaco, e como conseguiríamos comprar as passagens de milhas decidimos passar um final de semana estendido por lá.
No fim foi um barato que saiu meio caro pois depois de já termos comprado as passagens vieram algumas notícias desagradáveis como por exemplo o visto, que era caríssimo (mais de 150 dólares por pessoa) os hotéis bons custavam 300 dólares por dia, além do transporte do aeroporto até Cape Maclear que custava uma bagatela de 500 dólares, que o Marcelo conseguiu baixar para 400 depois de pesquisar e barganhar muito. Mas enfim, conseguimos um hotel mais simples que era mais em conta e tivemos que arcar com o resto das despesas.
Malawi é um país populoso (14 milhões de pessoas) que vive basicamente da agricultura, as línguas oficiais são inglês e chichewa. É um país extremamente pobre, ocupa uma das 10 primeiras posicões no ranking dos países mais pobres do mundo, a expectativa de vida é de 44 anos, 12% da população está infectada pelo vírus HIV e 90% da população vive abaixo da linha de pobreza (menos de $ 2 por dia).
Pegamos o vôo em Johannesburgo na sexta as 10h da manhã e chegamos a Lilongwe (a capital) ao meio dia e meio, então tivemos que pegar uma espécie de taxi de quatro horas até Cape Maclear, os motoristas eram dois mulçumanos muito simpáticos, a estrada era parte asfaltada e parte de chão, e já no caminho para Cape Maclear pudemos observar a pobreza do lugar, várias pessoas na beira da estrada, as casas muito precárias com teto de palha, muitas crianças (várias sem roupa nenhuma), mulheres buscando água nos poços e carregando os baldes na cabeça. Cruzamos com pouquissimos carros durante essas quatro horas de viagem, devem haver poucos carros no país.
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No nosso taxi |
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Casas na beira da estrada |
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Crianças sozinhas na beira da estrada |
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Mulheres e crianças pegando água no poço |
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Carregando água |
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Estilo das casas na beira da estrada |
Chegamos a Cape Maclear no final da tarde, ficamos em um hotel chamado Tuckaways Lodge, uma espécie de chalés na beira do lago, mas que ficava no meio da vila. Os chalés eram bem estilosos, mas não tinham banheiro privativo e como eram feitos de uma espécie de bambu tinham umas frestas na parede e no chão, então entrava um pouco de vento durante a noite, a nossa cama tinha um super mosquiteiro pois lá tem muitos mosquitos, inclusive o da Malária, mas graças a Deus não era época dos mosquitos, então não enfrentamos grandes problemas com essas criaturas abomináveis (mesmo assim, para garantir usávamos repelente 100% do tempo).
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Os fundos do nosso chalé |
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Nosso chalé na beira do Lago Malawi |
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Vicente curtindo uma rede no lodge |
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Primeiro fim de tarde no Malawi, vista da varanda do nosso chalé |
Na manhã seguinte acordamos cedíssimo, a margem do lago estava cheia de mulheres e crianças, as mulheres lavavam louças e roupas e quando terminavam saiam carregadas com baldes cheios de água do lago para as suas casas, as crianças tomavam banho, brincavam ou ajudavam as mães, alguns homens escovavam os dentes, outros se preparavam para pescar, haviam também diversos cachorros, enfim, deu para perceber que aquele lago é tudo para eles.
Enquanto o restaurate do lado do nosso hotel ainda estava fechado para o café da manhã saímos para dar uma caminhada no vilarejo. Foi um passeio muito chocante, eu falei para o Marcelo que por mim já queria voltar para casa na mesma manhã, é tudo extremamente precário e pobre, ruas de chão batido, casas de barro, como não tem água encanada existem alguns pontos de água no meio da vila, e o mais impressionante para mim foi a quantidade de crianças, eram muitas. Mas mesmo no meio de toda essa pobreza nos sentíamos seguros, ninguém vinha falar conosco, nem ficavam pedindo dinheiro ou comida, só as crianças que ficavam dando oi, abanando e as vezes queriam brincar.
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Vila |
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Meninos que vieram fazer festa para a gente |
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Criança carregando água |
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Pegando água ( a gente não conseguiu entender por que as pessoas ainda pegam agua do lago se tem esses pontos no meio da vila ) |
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Mc Donalds do Malawi |
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Crianças |
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Mais crianças |
Depois do nosso café saímos para um passeio de barco para a ilha mais próxima, chamada Thumbi, a água era transparente e haviam vários peixes, fizemos snorkeling e curtimos a paisagem, que realmente é muito linda, e antes de retornarmos ao hotel o nosso guia nos levou para um lado da ilha para vermos as águias, muito legal.
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Marcelo fazendo snorkeling |
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Até o Vicente entrou um pouco na água, mas estava um pouco fria e ele não gostou muito. O mais difícil foi explicar para ele que o pão era para dar para os peixinhos e não para ele comer, é claro que o guri guloso queria comer . |
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Com a mamãe |
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Águia pegando o peixe que o guia jogou na água. |
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A cor da água é linda, parece o mar, a gente esquecia que estava em um lago. |
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De tardezinha saímos para mais uma caminhada pela beira do lago, o Vicente estava de bom humor. |
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Os meninos que encontramos brincando em uma espécie de canoa que eles fazem de tronco de uma só árvore. |
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Depois
de um dia cheio como esse, nada como relaxar na varanda do hotel e
apreciar o por do sol. (a ilha do fundo da foto foi a que visitamos
nesse dia). |
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No dia seguinte visitamos mais uma ilha, essa chamada Mumbo, é a mais longe das quatro que visitamos, mas também a mais bonita, só que para ficar na praia da ilha tem que ficar hospedado no único hotel que tem lá, então só passeamos ao redor e estacionamos nosso barco perto de umas pedras para mergulhar e para fazer um churrasco de peixe, preparado pelo nosso guia. Na ilha tinham uns lagartos gigantescos, mais pareciam crocodilos,
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Mumbo Island |
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Onde estacionamos nosso barco |
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Vicente aproveitando um solzinnho |
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E um mergulho |
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O motora e o guia do nosso barco comprando peixe de uns pescadores que passaram para fazer nosso churrasco |
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Nosso churrasquinho |
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Olhando a água |
De tardezinha, mais um passeio pela praia.
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Peixes secando na beira da praia |
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Crianças que vieram brincar com a gente |
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A vida deve ser bem sofrida para eles, mas não deixam de sorrir |
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Mais crianças vieram passear conosco (existem muitos órfãos no Malawi pois os pais morrem cedo de Aids) |
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No nosso último dia saímos cedo para uma caminhada e depois alugamos um caiaque, com ele fomos ate a ilha Otters Point
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Os locais ficavam impressionados com o nosso jeito de carregar o Vicente (na mochila), observem a mulher lá no fundo carregando o bebê dela amarrado nas costas. |
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Andando de balanço no restaurante em que tomamos café da manhã |
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Nosso caiaque, o Vicente dormiu boa parte do trajeto. |
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Remando |
De tarde fizemos o nosso último passeio, para a Domwe Island, que também era muito bonita, como não havia nenhum hóspede no hotel da ilha os caras que cuidavam de lá nos deixaram ficar um pouco na praia e ainda nos levaram para conhecer as cabanas do hotel, que são muito legais.
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Praia da Ilha |
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Deck do hotel |
E para terminar o passeio, um belo pôr do sol no hotel.
No outro dia partimos cedo para o aeroporto, para finalmente voltarmos para casa.
Até agora quando me perguntam como foi o passeio ainda não sei responder se foi bom ou se foi ruim, a verdade é que o lugar é muito bonito, mas sem estrutura nenhuma, principalmente para quem vai com um bebê de 10 meses, eu fiquei muito tensa durante todo o tempo com medo de mosquito da Malária, da água ou comida estarem contamindada, se o Vicente tivesse qualquer coisa o hospital mais próximo ficava a 4 horas dali, mas ao mesmo tempo foi uma experiência de vida, pela primeira vez posso dizer que estive na África de verdade. Serviu para mais uma vez repensar a vida e dar mais valor ainda para coisas que consideramos básicas como energia elétrica e água encanada e tantas outras coisas. Dava vontade de ajudar todo mundo naquele lugar, pena que não tem como, no final a gente deu um monte de roupinhas do Vicente para uma mulher que carregava um bebê e tentou ajudar do jeito que pôde, mas a sensação de impotência diante de tudo aquilo foi muito grande.
Chego a conclusão de que valeu a pena ir, já que no final deu tudo certo, mas se fosse fazer de novo, esperaria o Vicente estar um pouco maior, com pelo menos uns 5 anos, para que o risco fosse menos.